sexta-feira, 16 de março de 2012

VIAGEM CICLOTURISTICA NA COSTA DOS COQUEIROS - Litoral Norte da Bahia


POR 03 AMIGAS DE BIKE
Pedalando por Mangue Seco a Praia do Forte, costeando pela praia e seguindo a tábua de maré.
Período: 10 a 13/03/2012
Vídeo: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=_rC3-GZ9nfE 

Nossa viagem à Costa dos Coqueiros foi planejada imaginando-se, inclusive, nas probabilidades de contratempos normais que poderíamos ter por nosso caminho, com relação a furar pneus, regulagem de freios, câmbios, etc., para tanto, tomamos algumas aulas sobre esses assuntos e aprendemos o básico, pois estávamos acostumadas com os “mimos” dos nossos amigos de bike masculinos, que sempre quando presentes, nos auxiliam em nossos circuitos. Desta vez seria diferente – ELAS POR ELAS!



E assim, três amigas de bike, Lucia Saraiva, 51 anos – idealizadora desta saga, Lourdinha Pinto, 53 aninhos e a menina Eluziram Ribeiro, 34 anos – as três LUS guerreiras do pedal – começamos a viagem com nossas magrelas partindo de Salvador de carro com o parceiro/motorista que por sinal é fotógrafo profissional e marido da Lucia, Zena Tomio (vide face: http://www.facebook.com/zenatomiofotografo), no dia 09/03 pela Linha Verde em direção ao terminal de Pontal em Sergipe - Salvador/Term. Pontal = 239 km, onde pegamos o barco para atravessar o Rio Real que divide as fronteiras – Sergipe/Bahia, é um rio largo que ainda abriga o quase extinto peixe boi...
 
No barco atravessamos para Mangue Seco, que é uma vila de pescadores localizada no município baiano de Jandaíra, e é a última praia no extremo norte do litoral baiano, onde foi inspirado o romance Tieta do Agreste, de Jorge Amado e depois foram gravados alguns trechos para a novela Tieta. Neste local de rara beleza, sentimos a degradação pelas construções de casas de alvenarias a beira do Rio Real, sem quaisquer critérios...
Hospedamos-nos na Pousada Suruby, literalmente situada à beira do rio e muito bem arborizada, inclusive com pequenos animais silvestres (porquinhos da índia e jabutis) com ótimo preço, boa acolhida e principalmente uma comida caseira muito saborosa de frutos do mar da região, claro! Obrigada pelo carinho Leny – gerente do local.
Fomos dormir cedo, mas a maré era de lua cheia no seu ápice e não adiantava pois o coeficiente de maré estava com 102 e por este motivo a maré era muito alta, o que, por um lado era bom, pois poderíamos acordar e tomar café da manhã tranquilamente, saindo as 09:30h, esperando a maré (e o rio) vazarem para iniciar a nossa tão esperada aventura, o que não ajudaria muito seria o sol que ficava mais quente...


 
10/03 - Logo de inicio, na saída, tivemos que passar por um manguezal fechado e grandes dunas de areia branca, fofa e muito quente, até ter acesso à praia que fica numa península lindíssima, lá chegando à extensão de área é muito larga e dura, ótimo para se pedalar. Neste trecho e neste dia estava para acontecer um evento anual da região – Rally Alagoinhas/Mangue Seco – por conta disso, passavam por nós dezenas de veículos 4 x 4 pela praia além de vários quadriciclos, onde alguns motoristas tiravam algumas fotos nossas, talvez incrédulos...

 uma quedinha gostosa na areia...
 No Rio Itapicuru...
 Em Poças...
Próxima comunidade seria Siribinha, com a ideia de conhecer o Igarapé batizado de “Cavalo Russo”, tentamos, mas não foi possível, a altura do rio não permitia o retorno seguro de barco, Lucia já conhecia, bom motivo para voltar e as outras conhecerem, valeria a pena..até a margem do Rio Itapiruru, considerado um raro rio perene no nordeste, pois sempre tem muita água em seu leito, e por este motivo, diante de tanta água, um barquinho a motor já estava se preparando para nos atravessar até a comunidade na outra margem. Do outro lado tínhamos uma estradinha de barro para pedalar, pois a praia nesta extensão só tem pedras. Passamos logo após Siribinha por Poças, parando sempre para hidratar, sem pressa. Chegamos a Sitio do Conde onde seria a nossa pousada. Até então, pedalamos 52 km no primeiro dia. Nos aconchegamos na Pousada Bem Viver, administrados por Carlão/Corália e Gil e ao lado dela, almoçamos no Restaurante da D. Dulce, comida caseira muito boa e precinho módico. No final deste relato colocarei tabela com todos os custos, pois podem servir de base para quem quiser pedalar neste trecho inesquecível. Com barriga cheia e depois de um longo pedal nas areias “os zóis querem ficar na caixa” não é mesmo? Como sempre dormimos cedo.


 Rio Itariri...
 Aêeeaaa...
11/03 -  acordamos cedo, demos um banho de respeito nas magrelas, com direito a escova, fio dental, lubrificação, etc., isto é fator imprescindível, pois a areia entra nas catracas e pode prejudicar o bom andamento de nossa história. Banho, café da manhã, roupinha cheirosa e saímos as 10:00h, cada dia mais tarde, pois tem que acrescentar em média 40 minutos a mais a cada dia por causa da maré.. Em direção a Barra do Itariri, a reia também era uma delicia de dura e a largura da praia muito extensa. Chegando à comunidade, tinha tanta gente, tanto banhista, tanta farofa, pois era um domingão, “vixe Maria”, ainda bem que o Rio Itariri, apesar de ser um pouco largo, estava baixo e podia passar a pé, mas a areia afunda os pés da gente, então um querido nativo da região (o Renilson) nos ajudou com seus músculos, carregando as magrelas queridas e incansáveis. Neste trecho Lourdinha tomou um belo banho de biquíni, nós só molhamos pés e pernas, por enquanto... Até aqui acumulamos 66,35 km pedalados .





Seguindo o nosso roteiro sem “stress”, continuamos pedalando com uma areia favorável, dura e lisinha, até a Comunidade de Baixios, aonde chegamos as 14:15h, mas antes havia o outro Rio Inhambupe desaguando na praia e que teríamos que atravessar. É um rio que não dá pé e por isso o salva-mar, Edmilson, lançou sua prancha oficial e veio ao nosso encontro para dar uma forcinha, enquanto isso já havíamos embalado cuidadosamente nossos equipamentos e documentos para não haver surpresas desagradáveis, a prancha levou primeiro a Lourdinha, que morria de medo de águas profundas e não sabia nadar e depois retornou para resgatar Elu também, e logo apareceu um barquinho com um pescador muito querido que levou nossas bikes para o outro lado da margem, onde havia uma plateia filmando tudo. Eu gosto de águas e atravessei a nado. Ficamos do outro lado um pouco papeando e se enxugando, depois seguimos até Baixios para procurar pousada, mas antes fomos à Lagoa Encantada para a Elu conhecer, mas estava tarde e resolvemos “abortar” no meio do caminho, por questões de segurança.
A preferência por pousada neste local era para a Pousada Encanto´s já conhecida por Lucia e Lourdinha, mas como não houve boa negociação, resolvemos nos aconchegar na Pousada Kawan, almoçando na Encanto´s – comida boa e farta, recomendamos. Até aqui acumulamos 89,10 km de pedal.





 
12/03 - Acorda mulherada – 06:45h de pé, mas não adianta pressa, a praia não tá pra pedal ainda! Saímos de Baixios quase 10h e há oito km rodados encontramos a lagoa linda e limpinha, Mamucabo, esse era o nome, apreciamos e seguimos, encontrando uma cascavel perdida na areia da praia?!?!?! Tentamos pegar ela com uma forquilha e recolocar num matagal próximo, mas ela se armou e resolvemos largá-la para não ter que procurar o Butantã. Provavelmente um gavião faria a festa, pois estava o céu cheio deles, em voos de corrente, onde o que menos se via era o bater das asas, ê vidão!
Seguindo para a Comunidade de Subaúma, sempre pela praia, mais adiante encontramos o Rio Subaúma, um rio aparentemente manso, com exceção da enchente e vazante, tínhamos que atravessá-lo para prosseguir, e escolhemos o trecho de deságua da praia que era razinho, embalamos tudo novamente para proteção e tentamos passar, mas a correnteza não ajudava, pois tínhamos que carregar as bikes e as águas queriam de todo jeito dar de oferenda nossas magrelas para Yemanjá, mas  um nativo da região, na outra margem do rio, prontamente, se jogou nas águas com uma faca presa entre os dentes e veio ao nosso encontro para nos ajudar, na verdade a faca era para pescar caranguejos que estavam dando “bobeira” e andando pelo manguezal frondoso e farto dessa região. Agrademos ao nativo Lenilton de Subaúma! Passado o susto, chegamos a Subaúma e paramos para hidratar, lavar as sapatilhas e papear, nesta parada conhecemos um fotógrafo muito querido o Renivaldo de Alagoinhas.

 
E vamos lá para a Comunidade de Porto do Sauípe, mas antes passando pela praia de Massarandupió, de nudismo e naturista. Seguindo mais adiante, pegamos um atalho subindo pela restinga e saímos numa estrada de barro até a casa da Dinha, amiga da Lúcia, que gentilmente cedeu seus aposentos para todas nós. Brincamos de casinha, fizemos comidinha, lavamos as bikes, comemos e dormimos.  Até aqui 128 km
13/03 - Acordamos cedo como sempre, mas pra fazer e curtir um bom café da manhã por nós mesmas, pois pra pedalar a areia não tava boa, maré alta. Tocamos pedalando por uma estrada de barro até a barra do Rio Sauípe, onde teríamos que obrigatoriamente providenciar um barco, pois esse rio não tem jeito de passar de outra forma, inclusive para nadar é extremamente perigoso por conta de suas correntezas e redemoinhos frequentes, e ainda por cima é área de manguezais frondosos lindíssimos e também com muita restinga, muitos caranguejos andando. Fomos até a Barraca do Antonio de Jeremias e da Lourdinha (uma chará), amigos nossos que iriam nos “dar uma força” para arrumar o barco da travessia. O barquinho demorou um pouco para chegar, mas isso também foi obra do divino, pois não adiantava nada atravessarmos se na outra margem as águas estavam batendo altas e nem tinha nenhuma extensão de areia dura e seca. Tudo nos “conformes” Finalmente o barquinho foi avistado e atravessamos. Com um pouco de dificuldade, tentamos pedalar e começamos a derrapar e dar boas gargalhadas, tentando pedalar com a areia molhada... quando um nativo de cima do morro da areia gritou: “espera um pouco meninas, daqui a pouco fica tudo durinho!” Vamos lá, nestes trechos a areia tornou-se um pouco fofa e existiam muitas pedras, principalmente em Costa do Sauipe, onde existiam lindas lagoas com as águas do mar mais baixas, muito convidativas, cheia de gringos por conta do complexo hoteleiro dali.
 
A próxima comunidade será Imbassay, com o Rio Imbassay para atravessar (andei “futucando” a internet e vi que deveria ser  grafado de IMBAÇAI que significa em tupi – caminho do rio - lá chegando, um visual lindo, vazio de gente, farofa, pois era segundona...). Para atravessar, é o rio mais fácil que tem, pois as águas batem nas canelas. Paramos para hidratar, comer queijinho assado e tirando sempre fotos.
Nem podemos acreditar que o roteiro seguinte seria o final, tava tão bom! Rumo a Praia do Forte moçada! E vamos nessa, seguindo sempre pela praia, notamos que o nosso esforço era bem maior, a areia queria tornar-se inimiga – lá ela! – nada nos combate, não tinha jeito, pedalávamos um pouco, afundava, derrapava, as magrelas pediam colinho! Tentamos de tudo, mais umas duas ou talvez três enseadas antes chegar até Praia do Forte (uns 3 km), as areias nos pirraçavam, mas não adianta o bom humor estava presente em todo momento e lá vem Lourdinha gritando: AÊEEEEAAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!
Chegamos as 15:20h em Praia do Forte – sentamos num boteco pedimos petiscos e conversamos e rimos muitos, suadas, cheirosas, pernas afiadas e já com muita saudades. Pedalamos o total de 159 km. Presente o nosso companheiro e fotógrafo Zena a nos levar para casa.
Valeu meninas – este evento foi inspirado ao Dia Internacional da Mulher – 2012.[i]


[i] Cicloabraços, Lucia Saraiva
Fotos: WWW.amigosdebike.com.br – Salvador/Ba.

TRECHO
POUSADA
CONTATOS
De carro - Salvador/Terminal de Ponta – 239 km
Mangue Seco – Pousada Suruby
Tel.75-3445-909, aceita cartões, wi-fi, ventilador, frigobar, comida boa e barata
De bike - Mangue Seco a Siribinha – antes de atravessar o rio – 39,500 km


De bike - Siribinha até Sitio do Conde – 51.910 km
Pousada Bem Viver (do Gil, Carlão)
tel.             75-3449-1086
De bike - Sitio do Conde até Barra do Itariri – 66.590 km


De bike - Barra do Itariri até Baixios – 89 km
Pousada Encanto´s (da Zezé - tel.             ou Pousada Kawan
- tel. 75-3413-3112  - Encanto´s
- tel. 75-3413-3039 - Kawan
De bike - Baixios até Subaúma – 105.660 km


De bike - Subaúma até Porto do Sauípe – 128.010 km


De bike - Porto do Sauipe até Praia do Forte – 159 km